segunda-feira, 29 de julho de 2013

Histórias íntimas


 Sinopse: “Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque a concentração de calor na região lombar excitava os órgãos sexuais”. E nos momentos a sós - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem... Sem pasta e escovas de dente, difícil.
Mas como o proibido aguça mais a vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente, acabou se tornando o templo da perdição.

Onde as pessoas poderiam se encontrar trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar suspeitas, se não no escurinho... Das igrejas?
Casos saborosos como esses são narrados por uma das maiores historiadoras do país, Mary del Priore. Em Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil, ela mostra como a sexualidade e as noções de intimidade foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas, econômicas e culturais, e passaram de um assunto a ser evitado a todo custo para um dos mais comentados nos dias de hoje.”.



 
O Livro da Escritora Mary del Priore “Histórias íntimas”,  conta sobre em que ano foi criado o primeiro filme pornográfico, como ele era. Como os homens na época colonial viviam relacionamentos com suas esposas. Ela também cita que o tinha que se deitar de lado porque de se ele dormisse de costas, era capaz do calor que atingia na região lombar fazer com que excitasse os órgãos sexuais. Sendo que o homem naquele tempo só poderia deitar-se com sua parceira se fosse para “procriar”, sem contar que, a mulher não poderia demostrar ou insinuar quaisquer gestos, pedir carícias, beijos, pois ela era má vista. E sem contar que a igreja condenava esses tipos de comportamentos, bem como o homem não poderia se masturbar, porque o catequistíssimo pregado ditava que poderia haver o desperdício das “sementinhas” e quando o homem quisesse ter filhos, não haveria mais sementes. Outra questão em que a autora aborda, é a criação do sutiã do no século 20. Pois, no decorrer dos tempos houve várias modificações, assim, se chegando na famosa lingerie. E com a criação dele, pode se obter um novo poder de sedução e de conquista.


Hoje Mary mora em Petrópolis (RJ), de onde falou à uma entrevista com a revista Folha por telefone:


Folha  - Em "Histórias Íntimas" você fala que, no século 19, "não havia lugar do corpo feminino menos erótico do que os seios". O corpo da mulher se tornou mais desfrutável desde então? Mary del Priore - Sim, os seios ganharam importância quando a lingerie começou a se difundir, no século 20. Antes, a roupa íntima da mulher era uma sobreposição de saias compridas, repletas de botões e laços. Despir-se era complexo.


A lingerie levou o olhar do homem para uma parte do corpo feminino até então vista como meramente funcional, chamadas de "aparelhos de lactação". Mas a grande moda dos seios veio mesmo na década de 1950, com o cinema americano, a Playboy e a Marilyn Monroe.


Como os avanços industriais contribuíram para a ampliação da sexualidade?
A abertura dos portos, em 1808, modificou os hábitos noturnos burgueses. Até o século 19, dormia-se em redes ou esteiras. As relações ocorriam nesses locais, o que as tornava breves. A partir de 1808, passaram a chegar camas e colchões da Europa. E o quarto do casal burguês passou a ser o que chamo de santuário da reprodução.



O sexo também ganhou muito, já no século 20, com a comercialização da pasta de dente, do desodorante, do sabão e de outros produtos de higiene. Eles tornaram o corpo mais limpo e, por consequência, explorável.


Você diz que, a partir dos anos 1960, a ideia do "direito do prazer" fabricou um efeito colateral: o sofrimento pela ausência do prazer. Ele é pior do que a contenção?
Ambos são nefastos. Nossa sociedade passou com muita rapidez da ditadura da contenção para a ditadura do gozo. Hoje, além de escolher os parceiros, as pessoas podem escolher o próprio sexo. Podem ser homem em um dia e mulher no outro. Mas esse excesso causa no homem uma insegurança muito grande.




A mulher também está solitária, tanto que as manchetes de revistas femininas continuam ensinando formas de agradar aos homens. E, até os anos 1980, a preocupação das revistas era com o bem-estar da família. A palavra "orgasmo" nem aparecia no vocabulário do casamento.

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