sexta-feira, 7 de setembro de 2012


Esta não é uma carta de amor; é uma despedida de um "quase amor". Ao escrevê-la pude perceber o quanto o quase é dolorido e venenoso, o quanto ele corrói e despedaça o quase se forma a partir de várias coisas, mas uma delas e talvez a mais inconformada seja a unilateralidade.
 
Imaginei você chegar a casa e me encontrando a meia luz na mesa da sala, a garrafa de vodka pela metade, o cigarro no cinzeiro, meu olhar fixo nas folhas que o vento espalhava, trajando uma camisa dos The Beatles, óculos de grau no rosto e uma lágrima melancólica.
Ao fundo Radiohead embalaria aquele meu momento, e você me daria o espaço do meu momento porque conhecia muito bem os fantasmas que escondo na alma; mas saberia delicadamente como me tirar dele com uma massa feita por você e conversas triviais, fariam sua dose e passaria a mão e o olhar sobre os papéis.
 
Ao acordar iria se deparar com meu rímel e lápis de olho borrados ressaltando a cor do mar dos olhos de Capitu, e eu veríamos nos teus a certeza.
Um beijo na testa e mais um bom dia, nesse nosso particular infinito em que encontram em mim todas as mulheres que desejas, por que era eu.
 
Me admirarias no espelho, e eu fui e sou só tua, num consentimento delirante que me completava e não soubeste.
Por isso te escrevo meu grande amor não vivido, o que cativaste e não viste crescer. As mensagens ainda estão no espelho a provar que foi real.
De vez enquanto estou na mesa da sala, a meia luz, e a lágrima está lá.


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