"Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar
menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra
ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra
sempre. E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar
com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro
sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu
vou continuar me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair
por aí com sua casca de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas
meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa ideia,
bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque
no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: não
existe ninguém aqui dentro. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar
ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu
dono. Só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou
deixar. Vai que um dia você acredita".
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