Preciso de alguém que tenha ouvidos para
ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque
são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio
desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o
astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo,
da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que
eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do
outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco
também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que
você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a
minha mão. (...)
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